Mulher, uma homenagem
Dizem que quando Deus criou Adão, fez um esboço de humano, mas ao fazer Eva, a arte final.
A mulher, apesar do que o senso comum insiste em dizer, ainda sofre. Contudo, existindo entre a estabilidade e o caos, ignorada ou reduzida a clichês maldosos, ela insiste em vencer, em afirmar sua veia triunfante. Em muitos lugares, a mulher, ainda, consegue qualificação social apenas pela via da maternidade, enfrenta desde o preconceito da sociedade aos desmandos de seus maridos.
Ninguém sofre uma opressão tão prolongada ao longo da história como a mulher. Segundo Robinson Cavalcanti, no Brasil da escravidão, a mulher só tinha permissão para falar alto para usar duas expressões: “Ai, meu Deus!” e “cala a boca, menino”.
Mutiladas em países da África; censuradas em países islâmicos; subjugadas como escravas e prostitutas em regiões da Ásia; deploradas como filha única por famílias chinesas; elas carregam o maior peso da pobreza que atinge, hoje, 4 dos 6 bilhões de habitantes da terra. Metade da humanidade é mulher; A outra metade, filhos de mulheres. Elas escrevem a história com ternura, lágrimas e alma.
Vamos refletir sobre alguns aspectos do feminino face ao processo histórico:
A presença feminina no social – a beleza que desafia o caos.
Elas começaram sua marcha na história lutando por direitos políticos básicos, como o direito de votar. Participaram ativamente da resistência à ditadura militar no Brasil, e contra outros regimes totalitários na América Latina e no resto do mundo. A história é o reflexo de mulheres que gastaram suas vidas para melhorar outras: de Joana D’arc a Teresa de Ávila; da Princesa Isabel a Chiquinha Gonzaga; de Madre Teresa a Cecília Meireles – mulheres que deixaram suas marcas.
O apóstolo Paulo citou várias delas em suas cartas – mulheres que emergiram das sombras do anonimato e se afirmaram como provedoras de beleza no caos! Beleza não como objeto do erotismo desvairado de hoje, mas como a força que envergonha a aparente fragilidade.
Os desafios para a mulher no século XXI – tempo de conquistas e reflexão.
Na era da decepção e da decadência moral, a mulher tem uma guerra violenta contra o conceito de mulher/objeto. Atacadas em sua dignidade, elas são despidas em outdoors e capas de revistas; reduzidas a iscas de consumo na propaganda televisiva, onde nos programas humorísticos é relegada ao papel de notória imbecil; condenadas à anorexia e à beleza compulsória pela ditadura da moda que alarga cada vez mais a distância entre ética e estética. Sem falar no Carnaval, onde a mulher é só um ítem do consumismo masculino erotizado.
As belas e burras têm mais “valor de mercado” dos que as ditas “feias e inteligentes”. É a subcultura dos dinossauros: “corpo grande, cabeça pequena”. Ela precisa encarar com garra o desafio da afirmação: Não apenas uma espécie de constante lembrete de sua existência, mas a certeza de que é digna de ser vista, amada e ouvida. Também enfrenta o desafio do afeto: Na luta, não perder a feminilidade. Não perder seu encanto, não se embrutecer.
Mulheres de Deus escrevendo a história – compromisso com novos tempos.
Deus está à procura de mulheres que o revelem em cada abraço, em cada afeto. Mulheres que transformem sua coragem em ato e seus atos em marcas. Mulheres que assumam seu lugar e seus momentos – sem medo de ousar e de quebrar limites. Mulheres que amem como Raquel, vivam os espetáculos da graça como Ana, e aprendam o servir com Maria, a serva por excelência!
É tempo de fazer história para a glória de Deus e para quebrar os paradigmas da ignorância que ainda resistem em nossos quintais evangélicos.
Como escreveu Frei Betto: “O vermelho é a cor do batom, mas também das bandeiras libertárias e do sangue derramado injustamente pela opressão”.
Coragem, teu nome é mulher!
(Fonte: Blog Roberval Paulo)
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