Abrigos infantis sofrem intervenção judicial.

Abrigos infantis sofrem intervenção judicial.

Edson Fonseca
Há 8 anos
924
22/05/2016 as 17:25

Pastor responsável foi preso e coordenadora é procurada; denúncias são de maus-tratos e até violência sexual.

 

image (5)A partir de uma Ação Civil Pública (ACP) representada pelo Ministério Público do Estado (MPE), que se originou de denúncias anônimas, a Justiça determinou, na última sexta-feira, a intervenção imediata das três casas de acolhimento mantidas pela Associação Ágape, em Paraíso do Tocantins, a 63 km de Palmas. Na ação, foram apresentados indícios de irregularidades na administração e crimes praticados contra crianças e adolescentes.

Também ficou determinado que a administração deverá ficar sob a responsabilidade do município, afastamento da direção e funcionários, transferência de valores da conta da associação para uma conta judicial, entre outras providências.

Na última quinta-feira, o MPE prendeu em flagrante uma cuidadora por maus-tratos e cárcere privado de duas meninas. Também foi preso o pastor Gean Carlos de Sousa, que era responsável pela administração das casas. O MPE chegou a classificar os locais como “casas do horror” por causa dos crimes praticados contra os acolhidos.

Considerada por anos como referência no acolhimento de crianças e adolescentes em situação de risco, a Associação Ágape possui sede instalada em anexo da Igreja Batista Ágape.

Investigação

De acordo com o MPE, a Promotoria da Infância e Juventude de Paraíso do Tocantins conseguiu provas dos maus-tratos após o caso de um bebê que estaria sendo retirado do abrigo para passar fins de semana com uma família que pretendia adotá-lo, sem a devida autorização judicial e com indícios de futura adoção direcionada. A partir daí, a Promotoria de Justiça passou a ouvir depoimentos de conselheiros tutelares antigos e atuais, de acolhidos e até de cuidadores.

Ficaram constatados abusos, como tortura por meio do trancamento de menores em quarto sem ventilação e sem banheiro, falta de atendimento diante dos gritos e apelos por socorro, discriminações, privação de alimentos como forma de castigo, xingamentos, depreciação da pessoa e da família natural, ameaças de “apanhar da polícia”, entrega indevida de acolhidos a terceiros, falta de liberdade religiosa, além de abusos físicos, sexuais e psicológicos cometidos pela própria direção e funcionários dos abrigos.

Adoções

O MPE ainda verificou que muitas das adoções de crianças eram realizadas por fiéis da igreja e também por pessoas próximas ao pastor, sendo que ele também possui filhos adotados, conforme demonstram registros da Vara da Infância.

O presidente da associação está preso na Casa de Prisão Provisória de Paraíso, e Kariny Pereira Arantes, coordenadora da associação, está com mandado de prisão expedido, mas até o fechamento desta edição não havia sido encontrada.

O Jornal do Tocantins não conseguiu contato com a associação, mas, conforme informações repassadas à TV Anhanguera, a administração vai se manifestar sobre o assunto somente amanhã.

entenda

Três casas eram administradas pela Associação Ágape – Casa das Meninas dos Olhos de Deus, Casa dos Meninos e Casa dos Bebês

A associação acolhia crianças e possuía sede instalada em anexo da Igreja Batista Ágape.

De acordo com o MPE, as agressões ocorriam por meio do uso de cintos, cipós, tapas e golpes com cabo de facas

O presidente da Associação Ágape, o pastor Gean Carlos de Sousa, está preso na CPP de Paraíso, e Kariny Pereira Arantes, coordenadora da associação, está sendo procurada pela polícia.

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