Mas essa história deve mudar nos próximos meses. Isso porque depois que o caso de Maria Eduarda foi publicado em uma rede social, o chefe da residência médica do Hospital Infantil Lucídio Portela, em Teresina (PI), Edinaldo Miranda, entrou em contato com a família e ofereceu ajuda à criança. Até a manhã desta quinta-feira (8), a postagem feita pelo primo da criança, Lucas Thierry, teve mais de 90 mil compartilhamentos e 2,8 milhões de visualizações.
“Eu vi a história dela pela internet e como nós trabalhamos pelos SUS achamos por bem entrar em contato [com a família] porque temos vários profissionais capacitados e é uma obrigação do sistema de saúde oferecer tratamento, independente do lugar onde a pessoa vive”, afirma o médico.
O pai de Maria Eduarda contou que a família deve viajar na próxima semana para Teresina, onde a menina passará por uma avaliação. Barbosa conta que vem recebendo doações e já conseguiu o dinheiro das passagens.
Rotina
Barbosa diz que apesar do problema, a menina leva uma vida praticamente normal, pois já está na escola, começando a ler e escrever. “Minha esposa vive praticamente para ela [a menina]. Na hora do recreio da escola ela tem que ir lá para dar água e alimentar”, afirma. Além de Maria Eduarda, o casal tem mais três filhos.
Ele conta ainda que a menina já passou por cinco cirurgias no Tocantins, uma no Hospital Geral de Palmas (HGP) e quatro no Hospital Infantil de Palmas. Na última intervenção, o problema deveria ter sido resolvido, mas a menina teria se movimentado antes do período de repouso e atrapalhado a recuperação.
“Essa cirurgia que ela vai fazer agora já foi feita antes, mas não deu certo. Pegaram um pedaço do intestino grosso e fizeram a ligação do canal construído ao esôfago, mas ela mexeu antes da hora. Agora só está faltando isso [fazer a ligação]”, afirmou Barbosa.
Ainda segundo ele, a família já espera há dois anos e quatro meses por essa cirurgia na rede pública do Tocantins. Em relação à alimentação, o pai afirmou que o estado forneceu apenas o leite por menos de um ano. Ele afirma ainda que procurou a Defensoria Pública de Gurupi, no sul do Tocantins, mas “nunca recebeu uma resposta” do órgão.
Respostas
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informou, por meio de nota, que Maria Eduarda “está cadastrada para realização cirurgia eletiva, procedimento que não é considerado como urgência ou emergência.”
A Sesau disse ainda que o leite especial indicado para a dieta da criança já foi adquirido e que está sendo aguardada a entrega pelo fornecedor.
Já a Defensoria Pública do Estado informou que o pai da criança foi atendido na Defensoria Pública de Gurupi no dia 9 de janeiro de 2014. Segundo o órgão, ele solicitou apenas o fornecimento do leite. “No mesmo dia, em caráter de urgência, a Defensoria enviou ofício à Secretaria Municipal de Saúde de Aliança do Tocantins e à Secretaria Estadual de Saúde do Tocantins requisitando que fosse fornecida à criança a quantidade de 30 (trinta) latas do leite, mensalmente e por tempo indeterminado.”
O órgão afirma ainda que o pai foi orientado a retornar ao local para entregar alguns documentos, mas não retornou e também não foi encontrado. Já em relação à cirurgia, a Defensoria Pública solicitou que Barbosa retorne à DPE para que a demanda seja atendida.