Produtos químicos em prédio abandonado prejudica saúde de moradores de Porto há décadas

Produtos químicos em prédio abandonado prejudica saúde de moradores de Porto há décadas

Edson Fonseca
Há 7 anos
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Em entrevista ao site CT na última terça, dia  16, a professora aposentada Joaninha Pereira Alencar, de 77 anos, contou que nos últimos dias tem sofrido com o forte odor dos produtos químicos. Ela, que mora nos fundos do prédio abandonado ainda tem os agravantes: a alergia e a asma.

“Apesar de toda vizinhança estar reclamando, para mim é muito mais difícil porque eu sou alérgica. Eu sinto ânsia de vômito, os olhos lacrimejando, ardor no nariz, mal-estar, dores de cabeça. É um veneno muito forte que tem por aqui”, detalhou. “Vem a chuva, lava para nosso quintal e já foi constatado que o terreno do nosso quintal é contaminado”, acrescentou.

Medidas paliativas
Há alguns anos, no terreno abandonado funcionava a sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), um órgão federal, depois a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam), que tinha como finalidade o controle ou erradicação das grandes endemias, como chagas, malária, esquistossomose e febre amarela. Após a desativação do prédio, supostamente por contaminação, segundo Joaninha, a Prefeitura de Porto Nacional ficou responsável pelo local.

Além da contaminação do ar e do solo, os moradores reclamam do mato alto e da presença de vândalos. As cobranças são feitas frequentementes. Contudo, de acordo com a aposentada, as medidas do Executivo são apenas paliativas.

“Não é de agora que a gente reclama. Eles prometem que vão tirar isso daqui, mas nunca tiraram. O que nós queremos mesmo é que eles tirem esse veneno, porque nós estamos sendo muito prejudicados, estamos sofrendo”, pediu.

População tem medo
A professora aposentada Ivanilde Brito Mascarenhas, especialista em saúde pública, disse ao CTque também espera do Ministério da Saúde, ou do Executivo municipal, uma solução definitiva. “A gente tem muito medo porque é produto químico”, afirmou.

“No mês de julho nós tivemos um problema muito sério. Explodiu alguns galões, aí a Secretaria Municipal de Saúde fez a limpeza e deu uma maquiada. Agora, seis meses depois, aconteceu de novo. Então, nós queremos que o poder Executivo dê um fim específico e legal para esses venenos”, enfatizou a professora.

De acordo com a moradora do setor Aeroporto, já foram realizados estudos no terreno e entorno ficando constatada a contaminação. Apesar disso, vários gestores que passaram pela Prefeitura de Porto não buscaram descontaminar a área e nem dar o descarte correto ao material tóxico.

“Isso aqui passou pelo prefeito Paulo Mourão, Otoniel, Tereza Cristina, agora chegou no prefeito Joaquim Maia e nós esperamos que agora seja resolvido. Tem que ser resolvido”, cobrou, acrescentando que os gestores anteriores fizeram uma “maquiagem” e deixaram o problema, atualmente, “bem mais grave”.

Resposta do Executivo
CT solicitou posicionamento da Prefeitura de Porto Nacional que em nota informou ter tomado “todas as medidas necessárias de segurança através do manejo do inseticida no local”. O Paço também disse que registrou boletim de ocorrência junto à Polícia, “por entender ser esta, mais uma ação criminosa, orquestrada e denunciada por vândalos”.

De acordo com a prefeitura, o prédio é de propriedade da Funasa e foi interditado a pedido do Ministério Público Estadual. O município solicitou a doação do terreno ao órgão para que, após a retirada dos produtos e limpeza seja utilizado para ações em saúde.

Confira a íntegra da nota da Prefeitura de Porto Nacional

“PRÉDIO DA FUNASA

A Secretaria da Saúde de Porto Nacional informa que já tomou todas as medidas necessárias de segurança através do manejo do inseticida no local e registrou boletim de ocorrência junto à Polícia, por entender ser esta, mais uma ação criminosa, orquestrada e denunciada por vândalos, já que esta invasão foi a terceira registrada, com derramamento intencional de inseticida, nos mesmos moldes.

O prédio é de propriedade da Funasa e foi interditado a pedido do Ministério Público Estadual. A Prefeitura de Porto Nacional requereu à FUNASA a doação do terreno, para que, após a retirada dos produtos e limpeza seja utilizado para ações em saúde.”

– Matéria atualizada às 16h17

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